segunda-feira, 18 de maio de 2009

Um pouco de História

A História da Humanidade pode ser considerada como um movimento geral das sociedades humanas em busca do bem estar e da riqueza. Atrás de uma guerra ou de algum feito histórico importante há sempre, escondido ou visível, um objetivo de busca pela riqueza e tranqüilidade social, quase sempre atrelado a determinado desenvolvimento do conhecimento. Os exemplos são muitos: as tribos que ocupavam os melhores terrenos mas que estavam ainda no tempo da pedra lascada, foram vencidas pelas que descobriram como fazer armas de bronze; estas por sua vez foram derrotadas pelos povos que usavam armas de ferro; depois os que utilizaram armas de fogo de carregar pela boca foram vencidos pelos que descobriram armas com carregamento mais eficiente e rápido pela culatra; e depois os que usaram barcos de aço movidos a máquinas a vapor derrotaram os que usavam barcos de madeira e à vela; e assim por diante. Donde o grande interesse pelos cientistas e tecnólogos que tudo isso descobriam e aplicavam. O progresso social e material foi quase sempre impulsionado pelo desenvolvimento tecnológico e científico das sociedades.
Com os gregos e romanos, o mundo seguia um modo de vida muito ligado à Natureza, de gozo dos bens terrenos, de alegria de viver. Podemos constatar essa visão do mundo dessas sociedades através da sua arte, da sua religião e do seu modo de atuar: os banhos, as festas, os espetáculos, as libações, as guerras, a educação da juventude, o teatro, a literatura, etc.
Com o avanço paulatino do domínio das forças naturais pelo Homem, através das descobertas tecnológicas greco-romanas da medicina, da agricultura, da mineração e da pecuária, surge um vigoroso impulso no crescimento populacional dos grupos humanos, que começam inchar e a se concentrar em grandes cidades, principalmente nas áreas do Oriente e do Mediterrâneo. Nos campos e nas minas, milhões de escravos eram mantidos numa situação cada vez mais degradante, violenta e explosiva. Surgem então as terríveis fomes e epidemias, que juntamente com as guerras, revoltas e tiranias, fizeram do mundo de então algo muito sofrível e indesejável. Spartacus é um caso bem típico das revoltas dos escravos contra a opressão do Império Romano. Nesse contexto de insegurança e fragilidade da vida, nascem então as religiões messiânicas e alienantes, prometendo a vida farta, saudável e sem dificuldades num paraíso extraterreno, depois da morte, portanto depois da saída deste horrível mundo de sofrimento, deste “vale de lágrimas”. Numa seqüência, apareceram, o confucionismo e o budismo no Oriente e depois o cristianismo e o islamismo, no Médio-Oriente, levando a Humanidade para uma fase de fuga da realidade, de misticismo poético, de mortificação, de alienação profunda. Tudo na Sociedade se guiava pelos desígnios divinos, as leis da conduta humana estavam escritas nos livros sagrados, a vida era somente uma passagem necessária e sofrida pela Terra, os princípios morais eram ditados segundo a vontade de Deus, só pensar em gozar os prazeres da vida já era considerado pecado, um sacrilégio... Por isso, a Idade Média, que durou 1000 anos, aproximadamente de 400 a 1400, foi chamada de “a noite dos dez séculos”, os dez séculos perdidos na felicidade e no desenvolvimento da Humanidade...
A Renascença europeia, que aparece no século XV, nos principados do norte da península itálica, enriquecidos pela intermediação no comércio da populosa Europa com o Oriente, marca o início do fim desse período negro medieval, e representa uma retomada da alegria de viver dos gregos e romanos, uma volta à Natureza, um retorno ao Humanismo e aos prazeres da vida na Terra. As artes e as ciências se desenvolvem, começam as descobertas marítimas de outros continentes e de outros povos. Gutenberg descobre a imprensa que permitirá que as pessoas leiam livros e se instruam. A Bíblia, sempre proibida e escondida pelo Vaticano nos porões dos conventos, passa a ser traduzida, pelos protestantes, do latim para as línguas européias e lida por milhares de pessoas. O aparecimento do movimento libertário de revolta contra a opressão das tiranias medievais, semi-esclavagistas e controladas pela Igreja Católica, e que toma o nome de Reforma e leva no seu bojo, como nos mostrou Max Weber, o florescimento da economia de mercado, da Democracia e da pesquisa científica, foi o passo seguinte no desenvolvimento dos europeus, principalmente os dos países do Norte. É então que surge a violenta reação da hierarquia católica, despótica e retrógrada, a chamada Contra-Reforma, através da revitalização da Santa Inquisição, agora designada como Santo Ofício, o qual, pela interferência pesada nas máquinas estatais, conseguiu travar o progresso sócio-econômico e manter os países latinos no atraso medieval, do qual só recentemente se estão libertando através da integração européia e da globalização das sociedades.
Os países que conseguiram se livrar do domínio papal, através de sangrentas guerras, desenvolveram-se social e cientificamente e se democratizaram. Os povos que abraçaram o protestantismo, como escandinavos, alemães, ingleses, americanos e holandeses passaram a encabeçar o progresso do mundo.
A igreja cristã primitiva, baseada que era nas massas miseráveis de escravos e semi-escravos da Ásia e da Europa, tinha sido popular e democrática no início do seu desenvolvimento, enquanto não tinha chegado ao poder, que então estava nas mãos dos romanos, aliás respeitadores da liberdade de culto dos diversos povos dominados. Depois que o cristianismo foi assimilado e aceito pelos poderosos e se tornou a religião oficial do Império Romano, no século IV, iniciou-se aí uma milenar e feroz perseguição aos que tinham outras religiões, através da Inquisição, das Cruzadas, etc. Não esqueçamos que o último “herege” queimado pela Inquisição foi em 1876 e o último “index” do Vaticano de livros proibidos foi publicado em 1961...
A Igreja Católica de hoje, com o objetivo de sobreviver e adaptar-se aos novos tempos, devido à parcial perda de seu poder político e ao recrudescimento democrático das massas, procura de novo recuperar o espaço perdido para outras crenças, aparecendo como a protetora dos pobres e como a defensora dos direitos humanos, que ela tanto espezinhou, durante séculos e séculos. É o lobo escondido debaixo duma pele de cordeiro...

Nenhum comentário:

Postar um comentário